O menor poder de compra da população, limitou o repasse da valorização da matéria-prima, espremendo as margens das indústrias de laticínios
Os valores dos produtos lácteos foram pressionados em julho pelos canais de distribuição, que buscaram preços mais acessíveis aos consumidores brasileiros. De acordo com as pesquisas realizadas pelo Cepea com o apoio da Organização das Cooperativas Brasileira, os preços do leite longa vida, do leite em pó (400g) e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo registraram médias reais de R$ 3,51/litro, R$ 24,52/kg e R$ 27,60/kg, recuos de 2,4%, 1,7% e 3,8%, respectivamente, na comparação com os registros de junho/21 (deflacionados pelo IPCA jul/21).
Por outro lado, frente ao mesmo período de 2020, o leite UHT, o queijo muçarela e o leite em pó se valorizaram 1%, 1,5% e fortes 11,8%, na mesma ordem, em termos reais. É importante lembrar que, mesmo com a alta nos preços dos derivados na comparação anual, a valorização da matéria-prima foi ainda maior no mesmo período.
O menor poder de compra da população, devido aos efeitos da pandemia, limitou o repasse da valorização da matéria-prima, espremendo as margens das indústrias de laticínios. Segundo colaboradores do Cepea, a menor oferta de matéria-gorda tem limitado a produção de derivados lácteos que necessitam dessa matéria-prima, destinando o leite para outros produtos com menor teor de gordura. Em consequência, os preços se mantiveram em patamares elevados devido aos estoques mais enxutos.
Em agosto
Pesquisas em andamento têm apontado para uma inversão de tendência nos preços dos derivados lácteos. Na média parcial de agosto (de 1º a 14), as cotações do leite UHT e do queijo muçarela comercializados no atacado de São Paulo apresentaram médias de R$ 3,60/litro e R$ 27,66/kg, aumentos de 2,7% e 0,4% frente à média de julho/21, respectivamente.
Entretanto, o preço do leite em pó registrou queda 3,2% em relação ao mês anterior, a R$ 23,73/kg. Segundo agentes de mercado consultados pelo Cepea, a retomada da valorização dos derivados na primeira quinzena de agosto se deve à oferta, que seguiu limitada no campo, levando ao encarecimento da matéria-prima de forma generalizada.
Ao mesmo tempo, existe expectativa positiva dos agentes sobre o consumo, que pode se aquecer com a volta das aulas presenciais e com o avanço da vacinação no estado de São Paulo.
Fonte: Canal Rural