Após registrar perdas em função dos custos elevados, os pecuaristas de Minas Gerais começam a recuperar a margem de lucro com a atividade. Em fevereiro, os custos da produção de leite recuaram, enquanto os preços recebidos pelo produto cresceram. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em fevereiro, referente à produção entregue em janeiro, foi verificada alta de 1,49% no preço líquido do leite, que foi negociado a R$ 1,23 por litro na média estadual. A tendência é de novas valorizações, que serão sustentadas pela menor oferta.
Em Minas Gerais, os dados do Cepea mostram que o valor médio bruto do litro de leite chegou a R$ 1,34, alta de 1,34% frente ao valor praticado em janeiro. No período foi verificada queda de 2,47% na captação de leite estadual. Na média Brasil, houve queda de 3,69% no Índice de Captação de Leite do Cepea (Icap-L).
Segundo pesquisadores do Cepea, as reações nos preços do leite estão atreladas, principalmente, à menor oferta. A queda dos investimentos na atividade leiteira – reforma e manutenção das pastagens, compra de animais, medicamentos – contribuíram para a diminuição da disponibilidade do produto. O típico aquecimento do consumo com o retorno das aulas também sustentou a valorização do preço do leite.
De acordo com a zootecnista e analista de mercados da Scot Consultoria, Juliana Pila, o cenário para a produção de leite está mais favorável em 2017.
“Tivemos, em fevereiro, uma queda de 0,9% nos custos de produção de leite, quando comparados com janeiro. Esta queda é decorrente da redução dos custos com concentrados proteicos, fertilizantes e combustíveis. A previsão de uma safra maior de soja e de milho é um dos motivos que promoveram a queda nos custos, já que os preços tanto do milho quanto da soja estão menores”, explicou.
Investimentos – Com os custos menores, a tendência é que os produtores recuperem a margem de lucro e retomem investimentos que foram suspensos em 2016. Segundo Juliana, 2016 foi um ano difícil para a pecuária de leite. No período, apesar da valorização dos preços, as margens foram comprometidas pelos custos muito mais elevados. Este fator fez com que os investimentos fossem suspensos.
“A expectativa para 2017 é que ocorra recuperação de parte do prejuízo acumulado no ano passado e que o produtor volte a investir em formas de ter um retorno rápido, como na melhoria da alimentação do rebanho, por exemplo. Os investimentos maiores, como a aquisição de novos animais, não devem acontecer de forma expressiva”.
Com as expectativas positivas, a tendência é que a produção de leite retome, ainda que lentamente, o crescimento neste ano, interrompendo a série de dois anos de captação menor.
Preços – Ao longo de fevereiro, foi verificada alta nos preços do leite em todas as regiões de Minas Gerais. A maior valorização foi registrada nas regiões Sul e Sudeste. No período, o produtor recebeu R$ 1,37 por litro de leite, na média bruta, valorização de 3,99% sobre janeiro.
Alta significativa também foi registrada na Zona da Mata. O litro de leite foi negociado a R$ 1,25, aumento de 2,19% no valor bruto. No Vale do Rio Doce, o pecuarista recebeu 2% a mais na negociação do leite, com o litro avaliado em R$ 1,28.
O litro de leite foi negociado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) a R$ 1,29, valorização de 1,2% frente ao preço praticado em janeiro. No Triângulo e Alto Paranaíba o produtor recebeu R$ 1,39 pelo litro de leite, alta de 0,17%.
Para março, a expectativa é que os preços do leite sigam em alta, impulsionados pela oferta restrita de matéria-prima e pela recuperação gradativa da demanda. Dos laticínios e cooperativas entrevistados pelo Cepea, 58,5% apostam em nova valorização do leite no próximo mês, enquanto 38,5% acreditam em estabilidade. Apenas 3,1% dos colaboradores consultados esperam queda nos valores.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, o início da entressafra do produto, esperada para março e abril, irão sustentar os preços, mas a tendência é que a alta não seja muito expressiva como a verificada em igual período do ano anterior. Isso porque os menores custos, influenciados principalmente pela desvalorização dos concentrados, podem estimular produtores de leite a aumentar a quantidade de ração fornecida aos animais, elevando o volume de leite produzido.