O preço do leite pago ao produtor apresentou valorização de 47,7% de janeiro a novembro de 2020, segundo o Cepea. No mesmo período, a importação de lácteos também cresceu e, para analisar este cenário, conversamos com Denis Rocha, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, que explica que o preço deve continuar em alta no início de 2021.
“O preço do litro do leite termina o ano bastante valorizado. Tivemos um preço 20% acima do mesmo período do ano passado, então o preço entra 2021 bem acima do que entrou 2020. Ao início do ano, diversos fatores estão interferindo, como custo de produção, clima e mercado valorizado do boi gordo. No lado da demanda, temos o fim do auxílio emergencial e como será a retomada da economia para, ao menos, balancear um pouco e manter o nível de consumo”, disse.
Segundo ele, o ano foi marcado pela injeção de renda em boa parte da população que, com o auxílio emergencial, conseguiu consumir produtos lácteos. “Essa escalada se refletiu na cadeia inteira. Se pegarmos os preços no atacado, estamos terminando o ano em torno de 40% mais elevado em relação a dezembro de 2019 nos principais produtos. Se não houver nenhuma ruptura nesse cenário, deve manter os preços nesses patamares no início do ano, mas não são esperadas novas altas nesse preço, que estão elevados”.
Na parte do custo de produção, ele explica que houve um aumento de 20% até novembro e o principal fator foi o aumento no preço dos grãos e das rações. “Vendo um pouco a questão do mercado futuro desses produtos, vemos preços bastantes valorizados e deve continuar pressionando o custo de produção. Se o clima for bom, no entanto, pode ajudar um pouco com a questão das pastagens. Também esperamos um dólar mais fraco, que pode amenizar o custo ao produtor, mas não vemos chance de queda muito forte”, explicou.
Apesar desse custo elevado puxado pela ração, a elevação no preço conseguiu compensar esses aumentos até o momento e o produtor tem boa rentabilidade neste ano. “Se não houver ruptura no consumo, com queda abrupta de preço, acreditamos que o produtor ainda terá uma rentabilidade satisfatória, desde que faça um controle de custos e tenha uma boa eficiência”, concluiu.
Fonte: Canal Rural