A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, na terça (3), um debate para analisar o mercado internacional de lácteos, bem como o cenário, as potencialidades e os desafios para o Brasil aumentar as exportações destes produtos. O encontro foi moderado pelo assessor técnico da CNA, Guilherme Souza Dias, e contou com a participação do diretor comercial da Laticínios Tirolez, Paulo Hegg, e da gerente comercial B2B Nacional e Internacional da Laticínios Porto Alegre, Cibele Pinheiro Dias.
“O Brasil é expoente nas cadeias de proteínas animais, sendo o primeiro exportador nas carnes bovina e de frango e o quarto na carne suína. Porém, hoje temos uma pecuária leiteira voltada quase que exclusivamente ao atendimento do mercado interno”, afirmou Dias.
Os debatedores falaram sobre temas como a relação com importadores, trâmites burocráticos, escoamento externo, competitividade de preços, entraves sanitários e o “Custo Brasil”, além de ações para ampliar as exportações brasileiras no curto e no médio prazo, como o projeto Agro.BR.
Cibele destacou que o mercado internacional é uma excelente oportunidade para mostrar a qualidade do produto lácteo brasileiro e uma forma de as indústrias equilibrarem as contas em períodos de “baixa” no consumo interno.
Para ela, os principais entraves ao crescimento são a demora na habilitação de novas plantas, os custos elevados de produção e as altas taxas de impostos para importação, que dificultam a relação comercial e inviabilizam negócios.
“Precisamos trabalhar de forma contínua, com fornecimento de longo prazo, para manter a marca em evidência e mostrar a qualidade dos nossos produtos. Isso ajuda na fidelização dos clientes e favorece novos negócios”, disse a gerente comercial da Laticínios Porto Alegre.
Hegg considera fundamental que o Brasil trabalhe para ampliar acordos sanitários e comerciais com outros países, para diminuir a burocracia e as alíquotas de importação. Outros pontos que precisam avançar são a competitividade de preço, a qualidade das matérias-primas, a produtividade de leite e os prazos de embarque, por exemplo.
Na visão do diretor comercial da Laticínios Tirolez, as empresas devem focar em produtos genuinamente brasileiros, como requeijão e queijo coalho, e buscar parceiros de negócios na China, maior mercado do mundo e que ainda “não conhece queijo”.
“As vantagens são grandes, mas exige muita dedicação, investimentos, tempo e adaptação de produtos em relação a embalagens e ingredientes. Acredito que o setor lácteo tem potencial para ampliar a sua competitividade dentro de 10 anos”, declarou.
Ambos destacaram a importância de iniciativas como o projeto Agro.BR, que aproxima produtores e empresas brasileiras de compradores internacionais, por meio de apoio institucional, informações e direcionamento de mercado.
Fonte: Agrolink