O aumento da demanda por alimentos seguros tem contribuído para uma maior preocupação da sociedade em relação aos impactos econômicos, ambientais e sociais oriundos das atividades produtivas. Isso reforça o cuidado que se deve ter durante a produção de alimentos, como exemplo, desde a saúde animal até a qualidade do produto final.
Em virtude disso, a rastreabilidade dos alimentos é uma valiosa ferramenta que, além de cumprir com as exigências da legislação, é usada principalmente para conter as informações que possam certificar a garantia da qualidade dos produtos ao longo de toda a cadeia produtiva, a fim de conquistar a confiança do consumidor (IFOPE EDUCACIONAL, 2018).
Neste contexto, há legislações que preconizam o monitoramento da cadeia produtiva, como exemplo, a Instrução Normativa Conjunta nº 02/2018 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2018), que define os procedimentos de rastreabilidade ao longo da cadeia produtiva de produtos vegetais frescos.
De acordo com a norma, um dos principais objetivos da rastreabilidade é impedir a utilização de agrotóxicos acima dos limites permitidos, o que pode acarretar em possíveis riscos à saúde dos consumidores.
Em relação ao controle de qualidade na indústria de lácteos, o leite e seus derivados lácteos estão entre os alimentos que mais são testados e avaliados, em virtude da importância que estes representam na alimentação humana, sua natureza perecível e devido à facilidade de adulteração (SOARES, 2015).
Assim, as indústrias lácteas têm se preocupado cada vez mais em adequar seu processo produtivo de forma a atender as demandas, desejos e necessidades do consumidor por meio da implementação de ferramentas de gestão de qualidade como, por exemplo, a rastreabilidade.
A implementação da rastreabilidade na cadeia leiteira implica diretamente no controle de seus elos produtivos, permitindo a análise e constatação da saúde animal, qualidade das embalagens, do transporte e do armazenamento.
O processo de rastreabilidade pode ser aplicado a qualquer tipo de cadeia produtiva, no entanto, para cada uma delas existem critérios específicos para garantir a qualidade do produto final. Na Figura 1, é possível observar um modelo básico do processo de rastreabilidade, considerando o fluxo do produto na cadeia produtiva do leite.
Conexão com o consumidor final
Os consumidores têm observado cada vez mais a aparência dos produtos e a qualidade nutricional, sanitária e sensorial. Em consequência disso, tem-se a necessidade de atender ao controle da qualidade e origem dos produtos alimentares disponibilizados para o mercado, na busca por transparência nas condições de produção e comercialização.
Neste contexto, a rastreabilidade dos alimentos vem ganhando bastante notoriedade. Essa ferramenta permite que o produtor rural e as indústrias consigam junto ao consumidor o compartilhamento das informações acerca das condições de obtenção da matéria-prima, bem como sua manipulação ao longo da cadeia produtiva por meio digital (MERCATUS TECNOLOGIA, 2021).
Com isso, o objetivo da indústria fica focado em diminuir obstáculos comerciais com a regulamentação de padrões de qualidade e orientações normativas. Assim, o sistema de rastreabilidade oportuniza a indústria a trabalhar na gestão de riscos e na melhoria da qualidade do produto, ganhando assim uma maior confiança do consumidor ao mesmo tempo que agrega valor ao produto de forma a destacar-se como referência ao consumidor quanto à garantia esperada (CONTAG, 2021).
De forma geral, para o consumidor, os benefícios dessa tecnologia são: minimizar os riscos de consumir um alimento impróprio para o consumo, obter informações referente a qualidade nutricional do produto, permitir a escolha de produtos que causem um menor impacto ambiental, possibilitar a escolha por atributos específicos de qualidade e estimular a concorrência por meio da diferenciação da qualidade.
Como funciona o sistema de rastreamento de alimentos?
O sistema de rastreabilidade funciona como uma maneira de compensar a distância entre o produtor e consumidor com informações que são importantes sobre os alimentos. A rastreabilidade dos alimentos deve ser executada por meio de um sistema que contenha todas as informações sobre o caminho dos produtos à venda em supermercados.
Geralmente são utilizados etiquetas impressas, códigos alfanuméricos, código de barras, QR Code, chips, ou qualquer outro sistema que permita identificar a origem dos produtos (Figura 2) (JUCIS-DF, 2021).
Esse tipo de sistema é de grande importância, pois permite que, em caso de ocorrência de problemas com o produto, seja possível identificar em que ponto da cadeia de produção ocorreu a falha (JUCIS-DF, 2021).
Além disso, para o setor privado, a rastreabilidade protege a reputação da marca, minimiza os custos associados a uma retirada de produto do mercado, valoriza atributos do processo de produção, estreita a relação com fornecedores, entre outros benefícios (NUTRI MIX, 2021).
Considerações finais
Os consumidores estão cada vez mais preocupados com a qualidade e segurança dos alimentos que estão ingerindo, bem como a sanidade e bem-estar animal. Com o sistema de rastreabilidade do leite, os consumidores têm acesso à origem do produto embalado, desde a obtenção da matéria-prima até a sua industrialização.
Isso permite maior segurança do consumidor em relação ao que se está ingerindo, o que contribui para uma melhor relação com a indústria perante suas opções de escolha. No entanto, apesar da rastreabilidade representar um avanço no controle de qualidade do leite, trazendo assim mais segurança aos produtos e satisfação para o consumidor, muitos consumidores desconhecem essa ferramenta.
Neste contexto, a rastreabilidade, se bem divulgada para população, pode se tornar uma fonte de valor agregado ao produto, em vez de apenas custos adicionais, bem como desempenhar um papel importante como inibidora de adulterações ao longo da cadeia produtiva.
Fonte: MilkPoint