Em 2021, a produção de leite dos principais países exportadores tem apresentado um tímido crescimento. No primeiro trimestre, os maiores aumentos de oferta estão vindo dos Estados Unidos e da Nova Zelândia, enquanto a União Europeia apresenta queda de 1,3% na produção. A demanda continua aquecida, principalmente por parte da China, que vem registrando importações de lácteos acima dos volumes observados no ano passado. Essa conjuntura tem contribuído para manter os preços internacionais em patamares mais altos. No GDT, desde meados de março deste ano, o leite em pó integral está cotado acima dos US$4.000 por tonelada. Nas últimas semanas, os preços da manteiga registraram redução de aproximadamente US$1 mil por tonelada, mas ainda se mantiveram com valores acima do ano passado.
No Brasil, os custos de produção de leite continuam pressionando as margens da atividade. O cenário é de aumento consistente de custos desde 2018, que se intensificou no final de 2020. Nos últimos doze meses, o ICPLeite/Embrapa acumula aumento de 31% com destaque para os itens ligados à alimentação. O grupo com maior alta foi o concentrado, pressionado pelos aumentos de preços do milho e da soja, de 101% e 41%, respectivamente, em relação à maio de 2020. Recentemente, os grupos de ‘produção e compra de volumosos’ e ‘sal mineral’ também têm apresentado altas expressivas.
Na balança comercial, as importações de lácteos reduziram consideravelmente em abril e maio, com volumes de 50 e 58 milhões de litros, respectivamente. Nos últimos quatro meses de 2020, o volume importado se manteve acima dos 180 milhões de litros por mês. Já as exportações tiveram um aumento importante nos últimos dois meses, comparado a meses anteriores, com volumes de 25 e 17 milhões de litros. Isto contribuiu para redução na entrada líquida de leite no Brasil.
A conjunção de custo de produção mais alto, o período atual de entressafra e problemas climáticos localizados reduziu a disponibilidade interna nos últimos meses. Esse cenário, somado a menor entrada líquida de leite via balança comercial e um consumo interno de lácteos que cresceu no início do ano, mesmo que em menor magnitude que em 2020, está contribuindo para deixar a relação entre oferta e demanda mais equilibrada nesse momento no mercado.
Os preços dos lácteos no atacado apresentaram recuperação mais consistente em maio, principalmente a partir da segunda quinzena e que vem se mantendo nesse início de junho. Destaques para o queijo muçarela, que subiu em média 12% no mês de maio em comparação a abril e para o leite Spot, que teve aumento de 17% na mesma comparação. O leite UHT subiu 6%, enquanto o leite em pó teve aumento de apenas 1% na média de maio.
Para o produtor, o preço voltou a subir em abril e maio, com aumentos pouco superiores a 2% na média nacional em cada mês. Para junho, considerando o leite entregue em maio, as projeções dos Conseleites são de novos aumentos, mas em percentuais maiores que aqueles observados nos meses anteriores.
O cenário econômico atual melhorou com as estimativas de crescimento do PIB brasileiro, chegando a 4,36% segundo o boletim Focus do Banco Central. A geração de empregos formais também tem crescido, com o Brasil já superando os níveis antes da pandemia. A taxa de câmbio apresentou queda nas últimas semanas. Dólar mais baixo ajuda a reduzir a pressão sobre o preço de alguns itens que compõem o custo de produção, mas associado ao aumento dos preços internos do leite, pode estimular as importações de lácteos em um futuro breve. Uma retomada mais consistente da economia ainda esbarra na alta taxa de desemprego e na piora da renda média da população, além do ritmo lento da vacinação associado a situação da pandemia no País. Ou seja, o cenário é positivo, mas ainda com muitos fatores de incerteza no horizonte.
Fonte: Boletim CILeite